A primeira de 10km

Olá pessoas,

Parecia que tudo daria errado naquele final de semana. Ainda estava com dores nas pernas e um restinho de gripe, mas mesmo assim encarei as curvas da estrada de Santos rumo à minha primeira corrida de 10km.

Claro que estava ansiosa: Será que conseguiria completar o percurso inteiro? Será que minha perna iria travar? E se eu tivesse um piriri? E se eu caísse no canal durante a corrida? A ansiedade era tanta que a anta aqui conseguiu esquecer a chave do carro dentro do porta-malas ao parar no McDonaldas da Imigrantes*. Ri-dí-cu-lo!!! Enfim... Após um leve surto psicótico, consegui ligar para o 333-PORTO e após uns 45 min, pude entrar em meu carrinho e descer a serra.

Acabei chegando tarde, capotei e logo já era sábado, dia de buscar o kit para a corrida. Camiseta: ok, chip: ok, número: 15871. Nããããããoooo!!! 1+5+8+7+1=22; 2+2=4!!!!! Segundo uma velha tradição da família Pascarelli, o nº 4 dá azar!!! Ninguém compra casa cuja soma dos números dê 4, o último que arriscou foi assaltado 3 vezes. O mesmo vale para carros. Meu tio-avô, por exemplo, ignorou a superstição e viu seu fusca pegar fogo em plena Marginal Tietê.

Não tinha jeito. Comecei a achar que tudo era um sinal pra eu não correr. Aí pensei "Quer saber? Dane-se, eu vou de qualquer jeito". Desencanei tanto que um dia antes da corrida deixei de lado minha dieta a base de soja, granola e iogurte light e fui comer num restaurante alemão (salsichas, batata e cerveja). Excelente!!!

Ainda no sábado, saí batendo perna pela cidade. Nada de relaxar na praia e descansar as pernas... Fui até o centro velho de Santos, tomei café, comi o melhor pastel de carne da minha vida num lugar chamado Café Carioca, visitei o Museu do Café, comprei café na Cafeteria do Museu do Café, andei de bondinho, tomei mais um café, comi chocolate com café e voltei para a pousada, afinal precisava descansar um pouquinho antes da prova. Claro que após tanto café não consegui tirar nem uma sonequinha!!! Fiquei ligada nos 220V!!! Deu até para encontrar os moradores mais ilustres de Santos. Senhor e Senhora Daman, elegantes como sempre, nos receberam de braços abertos na cidade berço do tamboréu**.

Ah... Querem saber da corrida? Deu tudo certo. Completei o percurso de 10km em 56'40'' e não morri.

* Saibam que eu não sou a única pamonha a trancar o carro com as chaves dentro. Segundo o Sr. Everaldo, simpático funcionário da Porto Seguro que me socorreu na noite de sexta-feira, só ele atende cerca de 15 solicitações dessa natureza por noite. Somando aos 25 motoristas que ficam parados por falta de combustível concluímos que, numa única noite, o Sr. Everaldo atende à 40 cabeças de vento na Região Metropolitana de São Paulo.

**Tamboréu é um esporte que nasceu em Santos e hoje é bastante praticado em toda a Baixada Santista. O jogo parecido com o tênis, só que é diferente, e é jogado com "raquetes" com o formato de um pandeiro (o tamboréu). Ganha o velhinho que resistir mais tempo e não tiver uma parada cardíaca.