Nóis fumo e não voltemo...

Contrariando a máxima de Caetano Veloso e seu "É proibido proibir", a Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou na noite desta terça-feira (7) o projeto de lei antifumo proposto pelo governo do estado.

Diferente do previsto, as manifestações contra a proibição ao cigarro foram poucas e restritas a 50 gatos pingados do Sindicato de Bares e afins, que pra variar, alegaram que a medida deverá provocar o aumento da taxa de desemprego (assim como a Lei Cidade Limpa, assim como a Lei Seca, assim como a Lei Aurea e assim como todas as outras leis que existem por aí!).

Pelo visto, esse tipo de manifestação não vem comovendo mais grande parte da população, principalmente após divulgação sobre os patrocínios e parcerias da Souza Cruz para a realização de cursos de aperfeiçoamento para proprietários e profissionais de bares. Tenho amigos fumantes (e beeem fumantes!) que apesar da restrição apoiam a tal lei. "Poderia ser pior... Imagine se estivessemos em NY onde teríamos que sair num frio de 5ºC para pitar um cigarrinho na rua?! Aqui tá bom demais!", comentou um deles.

Para tentar ser imparcial, fui atrás das manifestações contrárias a tal lei e encontrei uma série de textos e comentários assinados por filófosos, juristas e outros tantos doutores em ciências políticas, ideológicas e afins. Todos os textos, sem exceção, me remetaram ao filme Obrigado por fumar que conta a história da vida de um lobista de uma empresa de tabaco. O trecho de um dos textos que li diz: "O consenso científico é muito diferente do consenso público. Por exemplo, um fumante passivo, segundo distintos estudos, inalaria o equivalente a sete cigarros por ano, o que é absolutamente insignificante em termos de saúde pública..." o que traduz muito bem a essência do filme e da questão em torno da proibição do fumo, onde o importante não é convencer que você está certo, mas sim que seu adversário está errado. ´

Já fumei (pouco mas fumei), não me incomodo com os que fumam perto de mim e acredito que tudo é uma questão de adaptação assim como foi a proibição do cigarro nos cinemas, no metro e nos aviões. Nessa altura do campeonato só me pergunto se a tal da liberdade de escolha, evocada tanto pelos defensores como pelos contrários ao cigarro, ainda faz algum sentido numa sociedade dominada pela propaganda como a nossa.

De acordo com as novas regras só será permitido fumar em casa, nas ruas, em tabacarias ou em locais de cultos religiosos especiais (?!?!). Esta aí a brecha para bares e boates não perderem seu clientes. É só transformar um espaço num ponto de vendas de cigarro, o que seria considerado uma tabacaria ou, para os mais alternativos, montar um terreiro de umbanda em meio a balada já que a fumaça sob a proteção dos orixás estaria completamente dentro da norma paulista.

É por isso que eu adoro esse país!!!

Beijos a todos.