Olááááááá Brasil!
Foram 3 dias em Brasília, capital federativa da República do Brasil e sede dos 3 poderes nacionais. Cidade construída por Juscelino, Brasilia foi um marco tanto pela seu planejamento milimetricamente calculado por Lucio Costa como pelas construções criadas por Niemayer que hoje assina os principais prédios públicos da cidade. Cheia de peculiaridades como a falta de esquinas e, consequentemente de faixas de pedestres (mesmo porque não há pedestres!), estava certa de que assim que chegasse em São Paulo, relataria posts e posts com as impressões da terra do Congresso Nacional.
Felizmente, me enganei!!! Não que Brasília não mereça comentários (positivos e negativos) mas o fato é que o que houve por lá nesses dias foi algo muito maior.
Nos dias 23, 24 e 25, foi realizada a 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil. Promovida pelo Ministério da Integração Nacional o objetivo da conferência foi o de avaliar a situação da Defesa Civil, traçar diretrizes de atuação e fortalecer a participação social na políticas voltadas e redução de desastres no país. Só para esclarecer um pouco mais, nessa conferência foram discutidas as propostas apresentadas nas conferências municipais (cerca de 500) e estaduais (14) previamente realizadas em todo Brasil. Destas discussões, foram selecionados delegados para o encontro nacional representando tanto do poder público, como eu, como a sociedade civil.
Mas vamos ao que interessa. Conferência é conferência. Tem blá-blá-blá, tem discussão, tem manifestações calorosas, tem muita gente falando m..., tem muita gente falando bem, tem discursos emocionados, tem muita proposta sem pé nem cabeça, enfim... tem de tudo que se pode esperar ao se juntar quase 2000 pessoas vindas de cidades como Trairão (PA) até Capão do Leão (RS).
Realidades bem diferentes, sotaques dos mais variados, gostos musicais entaõ nem se fala. Começavamos as plenárias e grupos de trabalhos às 9h e terminávamos por volta das 20h30. E era aí que a verdadeira conferência começava. Os auditórios, os blocos de notas e o ar condicionado do evento davam lugar às mesas de bar (ou algo improvisado), às latas de cervejas, ao clima seco da noite brasiliense.
Lá sim é que acontecia a verdadeira INTEGRAÇÃO NACIONAL e não pensem que os papos eram sobre quem tinha o melhor Carnaval, Rio ou Salvador, de quem era a melhor festa junina, Caruaru ou Campina Grande, ou de quem leva a melhor no maior clássico do futebol brasileiro, o Grenal. O assunto continuava a ser "Defesa Civil".
Dezenas de pessoas a-pai-xo-na-das e que até aquela semana nunca tiveram a oportunidade de desatar os muitos nós na garganta e expor suas angústias, dificuldades e alegrias em sua rotina de desastres. Militares, civis, pessoas que conheciam o mundo inteiro lado a lado de outras que, pela primeira vez, saíram de suas cidadezinhas do interior do país, dando e recebendo lições que superavam, e muito, a expectativa de quem esperava uma simples discussão profissional.
Éramos tão diferentes e ao mesmo tempo tão iguais. Indenpendete do PIB e do número de habitantes, hoje eu sei que o morador da favela de São Paulo é tão vulnerável como aquele da comunidade indígena do interior do Acre. Independente do "risco" gente é gente em qualquer lugar do mundo. Foi numa dessas conversas que percebi que não estava lá representando a cidade de São Paulo. Lá eu representava milhares de pessoas que assim como eu lutam para evitar que desastres, muitas vezes previsíveis, gerem tanto sofrimento, tantas perdas, tanta dor.
Nem a presença do ministro Gedel Vieira Lima e nem tampouco de outras tantas autoridades superam a roda de discussão da madrugada de quarta-feira onde as lágrimas de um coordenador baiano, desanimado por não ter recursos em sua cidade, misturaram-se as do coronel pernambucano, emocionado ao relembrar tudo o que passou até aquele dia no qual, segundo ele, "acordamos o elefante".
Alguns com meses outros com aaaaanos de experiência, o que presenciei foi um momento único em que pessoas anônimas contruíam, talvez sem saber, um pedaço importante da história do país.
Abraço.
PS. Mas que Brasília é esquisita, isso não dá pra negar!!!